sexta-feira, 30 de março de 2012

Um amor sem sobras


E tem um jeito tonto
de passear pelos meus cantos.
E vem num jeito sonso
Correr, deitar em cada cômodo.


E ser assim in- cômodo
metendo a mão nas rachaduras,
agruras de um tempo vão.
Me lambe as frestas e arestas.
Vagueia em mim, sua casa velha,
se envolve teso no meu chão
Me morde e dorme feito um cão


E somo (os) nós da reta abandonada
Rangem as portas, cantam as tábuas
Limo e musgo dessa história inacabada.


O ontem se consagra anfitrião
da sua presença mofada.

Sandra Freitas

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